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4 anos de Metzi no Brasil e os desafios de revelar a autêntica culinária mexicana

Um mexicano, uma brasileira. Três paixões em comum: a cozinha, os sabores mexicanos e os ingredientes brasileiros. Quem já foi ao Metzi, em São Paulo, percebe que essa tríade é pulsante em cada prato, em cada detalhe da decoração e em cada fala dos chefs e donos da casa, Luana Sabino e Eduardo Ortiz.

Metzi significa “Deusa da Lua” no México, que interfere na vegetação e nos mares, justamente os ingredientes que dominam o menu da casa: os vegetais e os frutos do mar, a exemplo dos queridinhos do público, tostada de polvo e do peixe com salsa matcha, que estão entre os mais pedidos desde o dia da abertura.

Dupla à frente do premiado Metzi: Luana Sabino, brasileira, e Eduardo Ortiz, mexicano • Nani Rodrigues

Com seus recém-completados quatro anos, reservas diariamente preenchidas e inúmeros prêmios, como o dos Melhores de São Paulo do Jornal Folha de S. Paulo, Melhores restaurantes do Brasil da revista Exame, estarem nas indicações do Guia Michelin 2024, além da conquista da 18ª posição no “Oscar da Gastronomia”, o Latin America’s 50 Best Restaurants 2023, quem vê a casa cheia não imagina que por trás desse sucesso tem uma batalha diária: mostrar ao público que a gastronomia mexicana vai além – muito além – da guacamole e do chilli.

A casa abriu no meio da pandemia que parou o mundo, em 2020, o que já foi um desafio e tanto. Mas mostrar que não eram um restaurante tex-mex – estilo de cardápio espanhol e mexicano criado pelos Tejanos quando o Texas ainda fazia parte do México, e que foi difundido nos Estados Unidos e importou pelo Brasil como “comida mexicana” – foi uma segunda batalha que também não estava no roteiro.


ostada de polvo, chintextle, pure de avocado e cambuci é um dos pratos mais pedidos da casa
Tostada de polvo, chintextle, purê de avocado e cambuci é um dos pratos mais pedidos da casa • Nani Rodrigues

Eduardo diz que a pandemia chegou de surpresa, quando eles tinham acabado de assinar o contrato de aluguel do ponto e começariam as reformas, mas não pensaram em desistir. “A ideia nasceu basicamente pela deficiência e carência que a Luana sentia aqui no Brasil em relação à comida mexicana que ela via em Nova York, por exemplo (cidade onde a dupla se conheceu). Sabíamos que havia espaço para a nossa comida. Mas aqui ainda existem muitos mitos e ‘medos’ com a gastronomia mexicana, com as pimentas e o preconceito com o uso do coentro, por exemplo. Diariamente precisamos desmistificar muitas coisas”.

Luana completa que, no começo, não pensavam muito nos desafios. “Acreditávamos no projeto e fizemos. Abrimos sem muito planejamento. Era uma comida que gostávamos, que sempre fizemos com muito carinho, mas, com o tempo, percebemos que teríamos que reeducar o paladar do brasileiro sobre a comida mexicana, pois ela estava muito vinculada ao tex-mex. O que havia na cidade eram rodízios de tex-mex… e muitas pessoas achavam que encontrariam isso aqui.”

Esse episódio não acontece faz tempo. O público que frequenta a casa já sabe o que o aguarda, mas a chef diz com brilho nos olhos de quem tem uma missão na vida: “Querendo ou não, sabemos que trabalhamos para uma bolha. Atendemos muitos turistas internacionais e um público que já teve a oportunidade de viajar e conhecer o México, por exemplo. Por isso, abrimos a taqueria Atzi (casa mais informal da dupla de sócios, aberta em 2023, focada em autênticos tacos), para tentar atingir um outro tipo de público. Temos o propósito de ensinar cada vez mais e para mais pessoas o que de fato é a comida mexicana. Queremos que cada vez mais pessoas entendam, respeitem e valorizem a comida mexicana.”


Aguachile de carambola
Aguachile de carambola • Nani Rodrigues

A pressão dos prêmios e os próximos passos

Eles sentem pressão por serem a única casa mexicana do Brasil em tantas e importantes listas? Luana, que figurou na lista Forbes Under 30 em 2022, diz: “É sempre muito válido ter esse tipo de reconhecimento, assim como o do 50 Best, Michelin e de toda e qualquer premiação. Mostra que estamos no caminho certo, é importante para a equipe. É um estímulo para entendermos que temos que sempre melhorar, já que estamos em listas tão renomadas; precisamos dar o nosso melhor para merecer estar nessas premiações. Em vez de pressão, é estimulante para sermos cada vez melhores.”

Já Edu, como é carinhosamente chamado pelos amigos, quando questionado sobre os próximos passos, diz: “Fomentar nossas raízes do México, sermos orgulhosos de onde viemos e valorizar os ingredientes brasileiros, que é onde estamos. Estamos sempre buscando melhorias, mas não temos um ‘próximo passo’. Todos os dias temos um passo. Estamos com uma nova carta de vinhos elaborada pelas sommelières Daniela Bravin e Cassia Campos, este ano mudamos o bar da casa, então estamos constantemente dando novos passos para as melhorias. Além, é claro, de sempre cozinhar de forma ‘rico’ e gostosa.”


Fachada do Metzi, no bairro de Pinheiros, em São Paulo
Fachada do Metzi, no bairro de Pinheiros, em São Paulo • Nani Rodrigues

Metzi: Rua João Moura, 861, Pinheiros – São Paulo – SP / WhatsApp: (11) 98045-5022 / Horário de funcionamento: terça e quarta, das 19h às 22h30; quinta e sexta, das 19h às 23h; sábado, das 12h30 às 15h e das 19h às 23h; e domingo, das 13h às 17h. 

SP: Restaurante ganha prêmio Latin America’s 50 Best de hospitalidade

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