Estudo mostra que 90% dos entrevistados usam o celular como ferramenta para o entretenimento
Em casa desde março, Ana Beatriz Gonçalves, de 22 anos, pensou que não fosse mais conseguir acompanhar séries e shows por causa da nova rotina. Mas aconteceu o contrário. A estudante conta que a praticidade de assistir tudo pela tela do celular, fez com que ela conseguisse organizar melhor para não deixar o lazer de lado. “Estando em casa, trabalhando em casa e também estudando em casa me deu um espaço. O tempo que eu levava para pegar transporte público, para ir ao meu trabalho e depois para a faculdade virou um espaço para eu descansar entre uma coisa e outra. E aí eu posso assistir um vídeo que eu quero ou um episódio de uma de uma série que eu quero. Eu com certeza passei a consumir mais produtos de entretenimento no geral.”
Que a pandemia trouxe novos hábitos de consumo para a população já não é novidade. E o modo de consumir cultura faz parte dessas transformações como explica Murilo Oliveira, especialista em marketing de influência. “No começo, esperava-se que o púbico não teria uma aceitação tão grande porque a interação entre artista e fã a partir de uma tela parece que é um pouco frio. Só que os artistas conseguiram trazer essa interação e esse engajamento para dentro das telas dos smartphones e para dentro dos computadores”, explica. Com o fechamento de cinemas, museus, teatros e casas de shows, o setor foi obrigado a se reinventar para não perder o público. Um estudo feito pelo Datafolha entre os dias 5 e 14 de setembro, com mais de 1.500 pessoas de todo o país, mostra que 90% dos entrevistados afirmam usar o celular como ferramenta para se manterem conectados à arte e ao entretenimento por meio do mundo digital. Entre as atividades mais procuradas, em primeiro lugar estão séries e filmes com 73%, shows e apresentações musicais vem em seguida com 60% das escolhas e, em terceiro lugar, aparecem atividades que envolvem teatro, dança e circo com 28%.
O levantamento apontou ainda que o consumo de cultura na pandemia contribuiu para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros durante o confinamento. Para 54% dos brasileiros fazer uma atividade cultural ajudou diminuir o sentimento de solidão e 45% das pessoas sentiram queda no estresse e na ansiedade. Já 58% sentem que as atividades melhoram o relacionamento com as outras pessoas da casa. No entanto, apesar do aumento na procura por atividades culturais a distância, poucas pessoas disseram na pesquisa que vão dar continuidade ao consumo pelo celular após a chegada a vacina.
*Com informações da repórter