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Rebeca Andrade sabia que poderia vencer Simone Biles; agora o mundo todo sabe

A ginasta olímpica Simone Biles, com onze medalhas, é indiscutivelmente difícil de vencer, mas isso não é impossível. A ginasta brasileira Rebeca Andrade provou isso ao superar a rival norte-americana e ganhar o ouro no exercício de solo da Olimpíada de Paris nesta segunda-feira (5). Biles ficou com a medalha de prata.

Foi um momento de catarse para a brasileira de 25 anos, que teve que desempenhar o papel de “segundo lugar” em relação à Biles durante grande parte de sua carreira.

Estou muito feliz e orgulhosa pelo que fiz. Viemos aqui todos os dias para competir e nos apresentar”, disse Rebeca Andrade aos repórteres após ganhar o ouro.

“A ginástica não é um esporte fácil, exige muito do nosso corpo e da nossa mente. Eu estava confiante de que poderia lidar com toda a pressão e trabalhei com meu treinador para alcançar o que fizemos.”, completou a medalhista de ouro.

Antes do início dos Jogos Olímpicos, Simone Biles disse que a brasileira era sua maior concorrente, já que as duas estão acostumadas a competir entre si. No documentário de Biles na Netflix, que estreou no mês passado, a estrela dos EUA disse que Rebeca é a que mais a “assusta” entre todas as suas concorrentes.

No Campeonato Mundial do ano passado, Rebeca Andrade levou o ouro no salto, enquanto Biles ficou com a prata. Essa vitória fez da ginasta brasileira a primeira atleta a superar Simone Biles na prova dessa competição desde 2015. Rebeca também ganhou a medalha de ouro mundial no individual geral em 2022.

Antes da performance desta segunda-feira no solo, após a final individual geral de quinta-feira (1) à noite, Biles disse que adorava competir contra a brasileira, mas que Rebeca estava ficando “muito perto”.

“Eu não quero mais competir com a Rebeca. Estou cansada”, disse Biles na ocasião.

“Ela está muito perto. Nunca tive uma atleta tão perto, então definitivamente me deixou alerta e trouxe à tona o melhor atleta em mim mesma, então estou animada e orgulhosa de competir com ela, mas… foi desconfortável, gente. Eu estava estressada.”, afirmou a norte-americana.

Uma jornada de lesões rumo à glória

A trajetória da ginasta brasileira para o sucesso não foi tranquila. Depois de lidar com lesões que podem acabar com a carreira de ginastas (rupturas de ligamento cruzado anterior em 2015, 2017 e 2019) e passar por três cirurgias no joelho, ela demonstrou garra diante da adversidade. Tornou-se a primeira sul-americana a subir no pódio do individual geral, ganhando a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio. Mas, quatro dias depois, ganhou o ouro no salto superando a americana MyKayla Skinner.

Rebeca Andrade, natural de Guarulhos, cidade na região metropolitana de São Paulo, cresceu com sete irmãos e começou a treinar ginástica aos cinco anos, depois que sua tia a levou para as sessões de treinamento no ginásio onde trabalhava. Rebeca é mais um exemplo brasileiro de atleta com origem humilde que alcança o sucesso. A mãe da ginasta, a Dona Rosa, limpava casas para sustentar a família e pagar o treinamento da filha.

Em 2009, Rebeca se mudou para Curitiba antes de levar seu talento para o Rio de Janeiro, mais exatamente para o Flamengo. Agora, ela se torna a maior medalhista olímpica do Brasil, campeã mundial e que sabe que é mais do que capaz de vencer aquela que, possivelmente, é a maior ginasta da história.

Uma imagem definidora dos Jogos Olímpicos

Depois que Simone Biles e Rebeca Andrade sofreram frustrações na disputa da trave de equilíbrio no início da segunda-feira (5), as duas entraram para suas rotinas de solo com uma missão: deslumbrar os juízes com suas performances finais em Paris.

A dificuldade da execução de Biles lhe deu uma vantagem significativa, porém a norte-americana foi penalizada por pisar fora dos limites duas vezes. Enquanto isso, Rebeca arrasou na rotina de solo e definiu a pontuação para o resto de suas rivais tentarem igualar. No fim, nem mesmo Biles conseguiu vencê-la.

“Ela é tão incrível. Ela é uma rainha”, disse Simone Biles sobre a brasileira.

A medalha de ouro de Rebeca Andrade é acompanhada por uma medalha de prata nos eventos de salto e individual geral, além de um bronze na disputa por equipes, consolidando uma participação de sucesso nos Jogos para a brasileira.

“Eu realmente não posso escolher porque todas são especiais para mim.”, respondeu Rebeca quando perguntada qual medalha era sua favorita.

“Nosso bronze na competição por equipe foi muito importante para mim, foi algo que sonhamos como equipe e algo que eu realmente queria para mim também. Para minhas medalhas individuais, é o mesmo. Eu sabia das minhas capacidades e dei o meu melhor. Eu estava lutando para finalmente ter um ouro porque eu queria muito esse.”, completou.

Rebeca Andrade não conseguiu esconder a empolgação quando recebeu a medalha de ouro, aplaudida pelos fãs dentro da arena. Foi quando um dos momentos mais marcantes da Olimpíada aconteceu: enquanto ela estava no topo do pódio, Simone Biles e a medalhista de bronze, Jordan Chiles, se curvaram a ela em sinal de respeito e reverência. O momento proporcionou uma das imagens mais simbólicas destes ou de qualquer Jogos Olímpicos.

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