O senador e candidato do Podemos à Prefeitura de Belo Horizonte, Carlos Viana, defendeu a conversão da Guarda Civil Municipal em polícia e ampliação do número de agentes da corporação.
A declaração foi feita nesta quarta-feira (4) em entrevista à CNN, conduzida pela jornalista Muriel Porfiro ao lado dos analistas de política Pedro Duran e Victor Irajá.
“Um guarda municipal, por exemplo, não pode redigir uma ocorrência de um caso de um crime, de um furto. O guarda municipal, ele tem que recorrer à polícia militar. Isso resolveria”, argumentou Carlos Viana.
Segundo ele, a medida é uma tendência mundial em países como Estados Unidos, Alemanha e Espanha, onde as chamadas polícias municipais “funcionam muito bem”.
O candidato também falou em “ampliar a guarda”, o que pretende fazer contratando novos agentes e chamando os aprovados em concurso da área.
O representante do Podemos ainda defendeu um patrulhamento conjunto, porque, segundo ele, “a população não quer saber se vai ser atendida por um PM [policial militar] ou por um guarda [civil municipal], a população quer ser atendida e quer sentir proteção”.
Educação, saúde e transportes
O candidato falou sobre sua proposta de utilizar teleconsultas para desafogar as unidades de pronto atendimento.
“A gente ter telemedicina, que funciona muito bem para ser mais rápido, e a gente tirar a quantidade de pessoas que vão para as unidades de emergência”, segundo ele.
Carlos Viana também comentou a importância da educação sexual nas instituições de ensino como forma de evitar gravidez precoce e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
“A mistura de educação sexual, que é uma obrigação das escolas, com uma discussão sobre gênero, né? Que é aquela coisa de identidade de gênero, que virou um problema, que eles misturaram. São duas coisas completamente diferentes. Nós precisamos, antes de qualquer coisa, de trabalhar essa questão da prevenção e da educação”, afirmou.
Ele disse ver a necessidade de ações por parte da Secretaria Municipal de Saúde com foco em trabalhadores do sexo com o intuito de frear, por exemplo, o aumento de casos de sífilis em Belo Horizonte.
“Precisamos fazer com que os hospitais, eles tenham a preparação para isso [prevenir e tratar ISTs]”, afirmou.
No campo da mobilidade urbana, o candidato disse que, se eleito, pretende unificar as tarifas do transporte público.
“Eu quero criar uma tarifa única como vocês têm em São Paulo. Eu quero criar uma tarifa única usando o metrô, o trem urbano, que é o metrô, com a nova linha que nós vamos construir até 2028. Eu quero fazer com que zona sul, zona norte, [regiões] metropolitanas tenham uma tarifa única, usando metrô.”
Venda de animais
Durante a entrevista, ele se declarou favorável à manutenção da venda de animais no Mercado Central de Belo Horizonte que, segundo ele, apresenta melhores condições do que outras lojas que comercializam pets.
De acordo com o candidato, a prática no local é uma “tradição centenária” e denúncias de maus-tratos não procedem.
Ainda na questão dos direitos dos animais, Carlos Viana disse que a prefeitura precisa oferecer “atendimento veterinário” e “campanhas de castração para controle”.
Turismo
O representante do Podemos falou sobre sua iniciativa de ampliar centros comerciais, como o próprio Mercado Central, para atrair turistas à capital mineira.
Segundo Carlos Viana, os visitantes passam por locais como Inhotim, em Brumadinho, e cidades históricas de Minas Gerais, mas acabam não conhecendo BH.
“Vamos construir dois, três andares. Fazer um centro aqui de convenções, um centro de gastronomia, de escolas, de festivais”, disse.
Ele também compartilhou suas ideias para fomentar o turismo religioso no município.
“Transformar Belo Horizonte num centro de cultura, um centro de cultura religioso, por exemplo, de eventos. Nós vamos ter uma nova Catedral da Igreja Católica aqui, que vai ser uma obra de arquitetura lindíssima, vai trazer gente do país todo. Como evangélico, conheço diversas bandas, grandes pastores, a gente pode fazer grandes eventos”, afirmou.
O candidato ainda comentou seu projeto de transformar parques em rotas de cultura.
“Aqui temos um parque que se chama Parque das Mangabeiras, que a minha ideia é transformar numa galeria de arte aberta com shows, exposições, rotas de cultura para esse turista ter como chegar à cidade”, segundo ele.
Prévia do Carnaval
O candidato mencionou sua proposta de realizar o “Esquenta BH”, uma espécie de pré-Carnaval no mês de outubro.
“A minha ideia é, no mês de outubro, nós trazermos esse público, chamar atenção sobre um Esquenta BH, fazermos um Carnaval em que as pessoas possam conhecer. E em fevereiro, o Carnaval normal, nós aumentarmos”.
Ele ainda elogiou a festividade na capital mineira: “É um Carnaval pacífico, com pouquíssimas ocorrências, porque é um Carnaval muito popular”.
Apoio de Bolsonaro
Carlos Viana disse que sua trajetória com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi encerrada após um “desencontro”.
Ele citou o apoio de Bolsonaro ao governador de MG, Romeu Zema (Novo), durante a campanha dele à reeleição, em 2022, como decisivo para o término.
“Eu digo hoje que Bolsonaro inclusive, a meu ver, por estar cassado [inelegível], é coisa do passado”, pontuou.
“Sou um liberal na economia, sou um conservador em questões de família, mas a direita precisa se libertar desse carimbo bolsonarista que infelizmente dominou o lado da direita brasileira e que nos colocou numa situação muito difícil”, defendeu o candidato do Podemos.
Ele acredita que a polarização política já “cansou a população”.
“Quando eu visito aqui um aglomerado, quando eu vou ao aglomerado da Serra, no Cafezal, que é uma das regiões mais habitadas de Belo Horizonte, de vilas, as pessoas dizem para mim o seguinte: aqui na favela não tem direita, nem esquerda. Aqui tem quem coloca comida na mesa e nos dá trabalho e dignidade”, afirmou.
Intenções de voto e mudanças de partido
O candidato disse não acreditar nas pesquisas que o colocam em empate técnico com outros candidatos em segundo lugar.
“Hoje, quando eu pergunto nas áreas mais remotas da cidade sobre voto, as pessoas não se decidiram. Nós temos aí quase 70% da população que ou não sabe quem são os candidatos ou ainda não tomaram decisão sobre voto”, segundo ele.
Carlos Viana ainda demonstrou desconfiança a respeito das alianças políticas do adversário que lidera as pesquisas, Mauro Tramonte (Republicanos), e chamou a candidatura dele de “projeto trampolim”.
“Esse apadrinhamento, você tem uma candidatura que traz o Zema e traz o ex-prefeito [de Belo Horizonte, Alexandre] Kalil, dois personagens que nunca conversaram e que hoje estão por trás de um projeto trampolim”, disse.
Já ao comentar suas quatro mudanças de partido desde 2018, ele afirmou: “Todas as vezes que for preciso mudar de partido para eu manter minha coerência, eu vou mudar”.
O candidato ressaltou que foi muito bem-recebido na legenda atual: “O Podemos me deu toda a liberdade e está me dando a condição agora de disputar a prefeitura”.
Relação com Pablo Marçal
Sobre uma tentativa de aproximação com Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Viana levantou a possibilidade de o influenciador se tornar “um grande líder”.
“O Pablo Marçal, eu entendo como um novo nome, uma nova voz da direita. Pode, sim, se tornar um grande líder nessa questão, usando as redes sociais. A gente precisa ver agora a questão do passado dele, porque, na política, o passado acaba aparecendo”, disse.
Ele afirmou que aceitaria se unir a Marçal para “criar uma nova saída para a direita no Brasil”.
“Se ele hoje quiser formar um grupo novo de direita que queira propor uma conversa melhor com a população, nós trazemos todas as camadas, eu topo fazer”, segundo o candidato.
Carlos Viana ainda defendeu a tese de ser um “outsider” na disputa por não possuir “padrinho político”.
“Eu hoje me sinto livre suficiente para poder ser um ‘outsider’ aqui da política, porque eu não tenho conchavo político, eu não tenho um padrinho político que vai me obrigar a fazer absolutamente nada”, argumentou.
População de rua
O candidato prevê contribuir com os comerciantes do centro de Belo Horizonte resolvendo “o problema do morador de rua”.
Ele disse ter presenciado pessoas nessa situação chegarem à capital mineira por iniciativa da administração de outras cidades.
“Eu estava inclusive num lugar lá que a gente chama, assim, de uma pequena Cracolândia [região que concentra usuários de drogas], conversando com as pessoas. Chegou um carro de saúde de uma cidade interior e deixou dois [moradores em situação de rua], que já entraram na fila para pegar alimentação”, relatou.
Carlos Viana disse que sua gestão irá devolver essa população aos locais de origem, caso haja concordância por parte dos vulneráveis.
“Quer voltar? Quero. Assina aqui. Devolve a pessoa. Se ele voltar ou vierem outros, o prefeito de lá, vão chamar o Ministério Público, falar assim, Ministério Público tem que notificar o prefeito de tal cidade, porque ele está mandando o problema para Belo Horizonte”, afirmou.
Dívida com a União
Sobre a dívida do estado com a União, o candidato afirmou que a renegociação “é fundamental para Minas Gerais voltar a ter investimentos”.
Por outro lado, para ele, “os estados, todas as vezes que conseguiram fazer renovação de dívidas, gastaram mais”.
Entrevistas com candidatos
A CNN realiza nesta semana uma série de entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte.
Cada entrevista será transmitida primeiramente ao vivo no canal da CNN Brasil no YouTube, às 15h30, com exibição na TV no mesmo dia, às 23h30.
Participarão os mais bem colocados no agregador de pesquisas eleitorais Índice CNN, selecionados de acordo com o resultado mais recente, com sete dias de antecedência.
Já foram entrevistados:
Ainda serão entrevistados: