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Chefe da ONU faz apelo por combate contra impunidade, desigualdade e incerteza

Na abertura da Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (24), o secretário-geral António Guterres resumiu o que considera os principais desafios globais: impunidade; desigualdade; e incerteza.

“Os desafios que enfrentamos tem solução. Mas isso exige que a gente garanta que os mecanismos internacionais de soluções de problemas de fato solucionem problemas”, afirmou Guterres.

Impunidade

Durante o discurso, o secretário-geral da ONU afirmou que, atualmente, criminosos de guerra têm garantias de que não serão responsabilizados por suas ações. E citou áreas de conflito em diferentes regiões do mundo, principalmente o Sudão, a Faixa de Gaza; e a Ucrânia.

“Eles podem violar decisões da ONU, ignoram convenções de direitos humanos internacionais, assim como a decisão de cortes internacionais…. E nada acontecerá. A gente vê a impunidade em todos os lugares”, destacou Guterres.

Ao citar a recente escalada dos conflitos entre o Hezbollah e Israel no Líbano, Guterres ainda destacou que o Oriente Médio está prestes a entrar num conflito regional amplo. E afirmou que o mundo “não se pode dar ao luxo de deixar o Líbano se transformar numa nova Gaza”.

Durante o discurso, Guterres ainda condenou novamente os ataques do Hamas do dia 7 de outubro, quando o grupo palestino matou mais de mil pessoas e sequestrou outras centenas de israelenses. Mas disse que a reposta a isso não pode ser uma “punição coletiva ao povo palestino”.

O secretário-geral ainda destacou que mudanças geopolíticas agravam esse problema. Nesse cenário, a perda de poder dos EUA na comunidade internacional e o avanço de países como China e Índia criariam um “purgatório de polaridade”.

“Estamos a caminhar para um mundo multipolar, mas ainda não chegámos lá. E neste purgatório, cada vez mais países preenchem os espaços das divisões geopolíticas, fazendo o que quiserem sem responsabilidade”.

Desigualdade

Guterres ainda fez um balanço da concentração de riqueza no mundo nos últimos anos, destacando que os cinco homens mais ricos do mundo dobraram suas riquezas nos últimos cinco anos, enquanto os 1% mais ricos do mundo detêm 43% de todos os ativos financeiros globais. Ao mesmo tempo, segundo Guterres, países em desenvolvimento ainda sofrem para conseguir superar os impactos causados pela pandemia de Covid-19.

O secretário-geral classificou também a desigualdade como uma “mancha na nossa consciência coletiva”.

Incerteza

Por último, a principal autoridade da ONU classificou a Incerteza como o maior risco à humanidade atualmente. No topo das crises causadoras de incertezas citadas está, em primeiro lugar, a climática. O líder português avaliou que o mundo vive um “derretimento climático”. Guterres estimou que, para limitar o aquecimento global a 1,5ºC até 2035, os países ricos precisam cortar em ao menos 80% das emissões de gases causadores do efeito estufa e as nações em desenvolvimento, 60%.

“Estamos numa era de transformações épicas, com desafios inéditos, que demandam soluções globais. Estamos no abismo do inimaginável. Uma ameaça que pode acabar com o mundo”.

Para garantir esses objetivos, avaliou Guterres, é necessário coordenação global para iniciativas verdes. E destacou o papel do Brasil nesta agenda.

“Sinto-me honrado por trabalhar em estreita colaboração com o Presidente Lula do Brasil – que é simultaneamente Presidente do G20 e anfitrião da COP30 – para garantir a máxima ambição, aceleração e cooperação. Acabamos de nos encontrar com esse objetivo”, finalizou Guterres durante discurso na Assembleia Geral da ONU.

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