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Ex-diretora do Ministério da Justiça deve depor à PF nesta terça (15) sobre bloqueios em 2022

A delegada de Polícia Federal (PF) Marília Alencar deve depor nesta terça-feira (15) sobre as blitze da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2022.

Marília era diretora de Inteligência do Ministério da Justiça na gestão de Anderson Torres quando mais de 2 mil bloqueios foram feitos pela PRF no Nordeste, em tentativa, segundo a PF, de impedir que os eleitores propensos a votar no então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegassem aos locais de votação.

Essa é a primeira vez que a delegada vai depor à PF sobre o caso após ser indiciada pela instituição. Em agosto do ano passado, ela disse aos investigadores que entregou em mãos uma planilha impressa com o mapa de votação de Lula e Bolsonaro, por município, a Anderson Torres.

Marília também disse à PF que pediu a um servidor que fizesse um boletim de inteligência elencando os municípios nos quais ambos os candidatos – Lula e Jair Bolsonaro – tiveram mais de 75% de votos, comparando com os partidos políticos dos respectivos prefeitos. Segundo ela, o objetivo era apurar “um indicativo de compra de voto”.

Esse novo interrogatório de Marília Alencar seria na semana passada, mas foi remarcado para esta terça a pedido da defesa, pois os advogados não tiveram acesso aos autos.

Investigação

A PF investiga um mapa feito pela Diretoria de Inteligência chefiada por Marília. Para os investigadores, há indícios de que esse boletim de inteligência tenha sido usado para orquestrar uma megaoperação da PRF e impedir que eleitores de Lula chegassem aos locais de votação.

A apuração da Polícia Federal começou com uma denúncia relatada por um servidor que estava lotado na Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça, subordinado à Marília.

O analista de cybercrimes foi o responsável por fazer o boletim de inteligência com dados de votos do primeiro turno das eleições. Segundo ele, em depoimento à PF, o pedido para fazer o relatório partiu da chefia imediata dele, a diretora Marília Alencar, que ele “estranhou” a demanda, por isso procurou a PF.

No celular de Marília, a PF encontrou esses mapas e pontos vermelhos no Nordeste, com cidades onde Lula teve expressiva votação no primeiro turno.

A defesa de Marília sustentou que o mapa foi feito em apuração de possível compra de votos em cidades específicas e também tinha votação do então presidente Jair Bolsonaro (PL). E Anderson Torres se defende ao dizer que não usou os mapas ou repassou à PRF.

O novo interrogatório de Marília ocorre um dia após o do ex-chefe Anderson Torres, que falou à PF pela segunda vez sobre o caso nesta segunda-feira de tarde. Após o depoimento, a defesa do ex-ministro disse que vai pedir reconsideração de seu indiciamento.

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