Os comentaristas da CNN José Eduardo Cardozo e Caio Coppolla discutiram, nesta sexta-feira (22), em O Grande Debate (de segunda a sexta-feira, às 23h), se o novo indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode impactar as eleições de 2026.
Bolsonaro e mais 36 pessoas são investigados por uma tentativa de golpe de Estado no país após o resultado das eleições presidenciais de 2022, em que ele saiu derrotado.
O inquérito abrange o envolvimento nos atos de 8 de janeiro, tramas golpistas durante as eleições presidenciais de 2022, bem como o plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Antes, Bolsonaro já havia sido indiciado em outros dois casos: das joias sauditas e da fraude do cartão de vacina da Covid-19.
Além dos indiciamentos, o ex-presidente está inelegível até 2030 após sofrer condenações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para Cardozo, o caso terá impacto nas próximas eleições, ainda que seja muito cedo para se pensar em 2026.
“Primeiro, traz um isolamento da extrema direita e da direita. A direita, necessariamente, não é golpista, não defende homicídio daqueles que são eleitos. Agora, o extremista defende”, diz Cardozo. “O extremismo mata, inventa. Ele vai aos limites das possibilidades para conquistar o poder ou não perdê-lo. Essa situação, portanto, deve impactar”, prossegue.
Na visão do comentarista, se o cenário continuar, a direita não irá migrar com a extrema direita para qualquer projeto eleitoral.
“Nas próximas eleições, nós teremos, acredito eu, o desfecho de um processo criminal que será objeto de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República”, analisa. “Acredito, se for tudo confirmado, acho difícil que acreditam escapar diante das provas”, finaliza.
Já para Coppolla, o pleito terá impacto com a inelegibilidade de Bolsonaro, com outros políticos se colocando na disputa diante do cenário. Mas, para ele, há uma grande força da direita no país, com base nas eleições municipais de 2024.
“O pêndulo do espectro político está vindo mais para a direita. Então, o eleitor médio está percebendo que tem valores ligados ao conservadorismo e ao liberalismo. A prova disso é que em mais de 3.000 cidades brasileiras existe hegemonia da direita”, diz Coppolla.
O comentarista ainda traz o exemplo dos Estados Unidos, que teve a volta da direita mais conservadora com a eleição de Donald Trump.
“A gente pode ver [os EUA] como um exemplo aqui para o caso brasileiro, no sentido que foi feita uma experiência de retrocesso, vamos dizer assim, para ideias mais ligadas ao intervencionismo para ideias ligadas ao progressismo”, cita. “E, aí, você tem um retorno das políticas dos republicanos com a eleição de Donald Trump”, finaliza.
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