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Opositores denunciam novo cerco policial a embaixada na Venezuela; Itamaraty monitora situação

Opositores venezuelanos que estão asilados na embaixada argentina em Caracas denunciaram na noite deste sábado (23) um cerco policial, com uso de drones e agentes encapuzados, contra a sede diplomática, que está sob responsabilidade do Brasil desde agosto.

“Policiais novamente assediam a embaixada argentina, protegida pelo Brasil, em Caracas, onde estão asilados seis integrantes da equipe de campanha de Edmundo González e María Corina Machado”, escreveu o ex-deputado Omar González Moreno, integrante da Direção Nacional do partido Vente Venezuela.

Segundo ex-deputado, que está desde março asilado na embaixada argentina, há agentes “em atitude de assédio” em diferentes pontos diante da sede diplomática, além de uma barreira na rua. Em um vídeo postado por ele, é possível ver a bandeira do Brasil hasteada na embaixada e uma viatura policial.

“Ao ver que estamos fazendo esta gravação [os agentes] optaram por ficarem grudados no muro que separa a sede diplomática da rua”, diz o opositor no vídeo.

Pedro Urruchurtu, que foi coordenador internacional da equipe da líder opositora María Corina Machado e também está asilado na embaixada, escreveu em suas redes que há agentes da Direção de Ação Estratégica e Tática (DAET) da Polícia Nacional Bolivariana e do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) encapuzados rodeando a sede diplomática e bloqueando a rua.

Segundo ele, às 19h35 da noite (20h35 do horário de Brasília), havia drones sobrevoando o local, e o sinal de telefones celulares da região teria sido bloqueado. Em vídeos compartilhados por opositores é possível ver agentes encapuzados diante da embaixada argentina e pelo menos um com uniforme com identificação da Direção de Ação Estratégica e Tática da Polícia Nacional Bolivariana.

A embaixada da Argentina está sob responsabilidade do Brasil desde agosto, quando o corpo diplomático de Javier Milei foi expulso do país pelo governo de Nicolás Maduro.

Resposta da Argentina

A chancelaria de Javier Milei emitiu comunicado condenando o que definiu como “atos de intimidação contra as pessoas asiladas na embaixada argentina em Caracas, atualmente sob a proteção diplomática do Brasil.”

“O envio de agentes armados, o bloqueio de ruas ao redor da nossa Embaixada e outras manobras constituem uma perturbação da segurança que deve ser garantida para as sedes diplomáticas, conforme ao direito internacional, assim como para quem solicitou asilo diplomático”, expressou o ministério argentino das Relações Exteriores.

O governo Milei pediu ainda que a comunidade internacional condene esse tipo de “práticas” e que exija salvo-condutos para que os asilados possam sair do país. A Argentina também agradeceu ao Brasil “pelos esforços para garantir a segurança dos asilados diante da intimidação do regime venezuelano”.

A CNN procurou o governo da Venezuela para comentar a situação e aguarda retorno. Fontes do Itamaraty afirmam estar monitorando a situação.

Opositores asilados na embaixada

Além da residência, também há preocupação pelos seis opositores que integram a equipe de Machado e estão asilados na embaixada Argentina em Caracas desde de março. Os opositores se refugiaram na representação argentina após terem mandados de prisão emitidos contra eles por suposta conspiração para gerar violência no país.

Em setembro, alguns dos asilados denunciaram um cerco com viaturas policiais à embaixada. Naquela mesma noite, o governo venezuelano comunicou o Brasil que revogaria a autorização para que o país representasse os interesses argentinos na Venezuela.

Na ocasião, o governo brasileiro respondeu, no entanto, que o fim da autorização não poderia ser unilateral e não poderia haver um vácuo na representação das missão diplomática da Argentina na Venezuela. Além de que a chancelaria argentina e o governo chavista teriam que chegar a um acordo para a designação de um país substituto para representar esses interesses.

No dia seguinte ao assédio, o governo Maduro informou que ex-candidato Edmundo González havia deixado a Venezuela rumo à Espanha, país onde está asilado até hoje.

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