Amigos fora do palco se reúnem para encenar comédia que fala sobre pressão social, cura e amor
Você tem uma amizade de mais de 30 anos? Percebeu que cada dia é mais raro encontrar vínculos como esse? Me peguei pensando nisso ao conversar com esse trio de estrelas maravilhoso que estreia “Cá entre Nós” amanhã, dia 13 de janeiro, no Teatro União Cultural, na capital paulista. Sim, em meio à correria dos ensaios, Cristiana Oliveira, Eduardo Martini e Suzy Rêgo receberam a visita desta colunista especialmente para falar sobre o novo trabalho. Na montagem encenada pelo trio e dirigida por Eduardo Martini, um grupo de amigos recebe a notícia de que Lola, aquela do grupo que fazia a faxina e se livrava dos fantasmas, deixa este plano. Os três amigos restantes decidem se encontrar e, sem saber, caem numa última armadilha deixada por Lola para que enfrentem esses fantasmas e reencontrem uma amizade que estava varrida debaixo de um tapete repleto de histórias.
É a primeira vez que vocês encenam juntos?
Eduardo Martini: Sim, é nossa primeira vez os três juntos. Nos conhecemos há mais de 40 anos. Crica e Suzy, sim, eu e Crica sim. Já trabalhei com a Suzy, mas não tinha trabalhado com ela e a Crica juntas. E é a primeira vez que os três amigos de mais de 40 anos, profissionais incríveis, estão desfrutando de dividir o palco juntos. Posso dizer que é uma energia ímpar e uma troca que o público vai sentir, absorver e gostar.
A peça é uma comédia, mas tem mensagens subliminares de empatia. Há uma lição de moral pra tirar de tudo isso?
Suzy Rêgo: É um texto belíssimo do Rafael Gama, que tem momentos ótimos de comédia, muitos respiros cômicos, mas também tem muitas emoções entre essas três personagens, que são amigos de longa data, num reencontro fabuloso, cheio de surpresas. A questão é que o teatro, entretenimento, cultura, arte, lazer, é necessário, e sempre que você vai assistir um espetáculo, é claro que existe uma reflexão, um convite a você se divertir muito, mas sair e pensar sobre o tema, conversar depois com os teus amigos, teus familiares, mas nenhuma lição de moral, nada, nós estamos aqui para promover o entretenimento, cultura, arte, lazer, e para te fazer pensar.
Qual preferência: teatro, cinema ou televisão?
Cristiana Oliveira: Para mim, os três são extremamente importantes. Eu acho que, normalmente, o público acaba sendo um pouco diferente. Mas teatro é um lugar em que você está inteiro. Você tem que mexer com o seu corpo. Você tem que projetar a sua voz. Você tem que falar para a velhinha surda da última fila. Então, você está muito mais inteiro. Televisão é uma coisa mais econômica. É uma coisa mais mecânica, que você pode se gesticular, mas não tanto. E cinema é totalmente econômico. É uma coisa de expressão facial. E eu acho que esses três, quando você faz, você se exercita muito como ator.
Em meio ao Janeiro Branco, podemos dizer que ir ao teatro faz bem pra saúde mental?
Eduardo Martini: Olha, na verdade, eu acho que não tem receita de sucesso. Janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro. É mês pra cultura, é mês de cultura, é mês de diversão. Você vai ao teatro, você se diverte, você se enxerga no palco. E o teatro traz saúde, né? A comédia traz saúde, o teatro traz saúde. O teatro faz você pensar, refletir. É uma delícia. A gente está muito feliz com essa peça, porque é uma peça que fala de um tema mundial, que é a amizade. E outra coisa é o seguinte, nós somos abençoados de podermos estar juntos presencialmente. O teatro é isso, é feito por pessoas, né? Seres vivos que podem se aproximar novamente, que podem se abraçar, que podem confraternizar, aplaudir, receber o público, tirar fotos. Então isso, durante um tempo, nos foi vetado por razão da nossa saúde. Então, o teatro é curativo. A nossa saúde mental agradece ao teatro. Venham ao teatro, venham nos ver. Venham confraternizar conosco arte, cultura, lazer, entretenimento e saúde mental.
Mesmo depois de tantos anos, o frio na barriga permanece antes de subir ao palco?
Eduardo Martini: A gente está aqui na nossa véspera de estreia, os três gentilmente e agradecemos já o interesse de vocês, da mídia, de querer saber da nossa peça, frio na barriga, frio no pé, frio no cabelo, frio no olho, frio em tudo quanto a lugar. E vai ser sempre assim.
Cristiana Oliveira: Mesmo que a gente esteja no palco com 100 anos, é atemporal, a gente sempre sente que é isso que nos estimula e nos impulsiona a entrar no palco e aí passar todo o tipo de emoção que o texto sugere. E o melhor de tudo é que, como amigos, também, e como profissionais, a gente meio que se ajuda no sentido de “vambora”,” vambora”, “vambora”, “vambora”, “vambora”.
Suzy Rêgo: Eu sou feito criança em parque de diversão, não vejo a hora de começar, nunca fico nervosa, nunca fico alterada, fico excitada, animada, eu penso que naquele dia o mundo inteiro vai estrear. Então é essa a minha energia, eu tenho um frisson.
O que o público pode esperar desse novo trabalho?
Eduardo Martini: Esse é um trabalho sério, é um trabalho feito com dignidade. Com carinho, pensando em vocês, pensando no público, pensando na diversão, pensando na saúde, pensando em, principalmente, cutucar aquelas pessoas que, às vezes, por uma bobagem, deixam de ser amigos, deixam seus amigos de lado. Nada como uma boa conversa. E o mais eu não vou falar, porque é um spoiler basicão, né? Um beijo e esperamos vocês!
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.