O Brasil reafirmou sua posição em relação às eleições da Venezuela nesta sexta-feira (23), declarando que só reconhecerá os resultados eleitorais após a divulgação das atas.
No entanto, segundo a analista de internacional da CNN Fernanda Magnotta as demandas do Brasil e da Colômbia quanto à transparência do processo eleitoral provavelmente não serão atendidas pelo governo venezuelano.
De acordo com Magnotta, “a situação vai se arrastar até os limites que Maduro conseguir encontrar pela frente, institucionais internos e de apoio, claro, em termos de poder e internacionais”.
A especialista acrescenta que “parece bastante claro que ele não pretende ceder às pressões”.
Pressão internacional e alternativas consideradas
O governo brasileiro, em parceria com a Colômbia e, até recentemente, o México, chegou a considerar diversas alternativas para resolver o impasse.
Entre as ideias discutidas estavam a realização de novas eleições, um segundo turno, e até mesmo um governo de transição inspirado no modelo colombiano dos anos 50 a 70.
No entanto, a falta de disposição do governo venezuelano em apresentar as atas eleitorais ou abrir espaço para diálogo compromete essas iniciativas.
Magnotta avalia que “o Brasil sai bastante enfraquecido enquanto mediador dessa crise”, o que tem um preço político na região, já que o país assumiu para si essa função.
Consequências e cenário futuro
Com a provável manutenção do status quo na Venezuela, Magnotta prevê a continuidade do “projeto de fechamento, de aumento da repressão, da violência contra manifestantes, cerceamento das liberdades, da própria imprensa, perseguição a líderes políticos”.
Diante desse cenário, as alternativas que restam são as mesmas empregadas há mais de uma década, como sanções econômicas, que já se mostraram pouco eficazes.
A analista conclui que uma resposta mais contundente pode depender da liderança americana, que provavelmente não tomará ações significativas até que suas próprias eleições sejam decididas.