O segundo turno das eleições municipais em Cuiabá, capital do Mato Grosso, revelou um cenário político intrigante. Apesar da vitória de Abilio Brunini (PL), o candidato petista Lúdio Cabral surpreendeu com um desempenho expressivo em uma região tradicionalmente dominada pelo bolsonarismo.
O analista político Victor Irajá destacou o pragmatismo adotado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) na campanha cuiabana.
A estratégia consistiu em adaptar o discurso às realidades locais, focando em problemas específicos da população e buscando romper a barreira do antipetismo.
Diálogo com o agronegócio
Um dos pontos cruciais da campanha petista foi a tentativa de estabelecer um diálogo com o setor do agronegócio, vital para a economia da região.
O PT chegou a utilizar a imagem do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, como forma de criar pontes com este importante segmento econômico.
A escolha de uma representante da família Fávaro para compor a chapa demonstrou a intenção do partido em se aproximar dos produtores rurais, sinalizando uma possível parceria entre a prefeitura e as políticas voltadas ao agronegócio.
Divisão dos votos à direita
O pleito em Cuiabá foi marcado por uma divisão dos votos considerados de direita desde o primeiro turno. Além do candidato do PL, a candidatura de Eduardo Botelho, pela União Brasil, também disputou esse eleitorado, o que pode ter contribuído para o desempenho surpreendente do PT no segundo turno.
Embora não tenha sido suficiente para garantir a vitória, a performance do PT em Cuiabá sinaliza uma possível mudança na abordagem do partido em regiões tradicionalmente refratárias à sua presença.
A adaptação do discurso e a busca por alianças pragmáticas podem indicar um novo caminho para a esquerda em redutos conservadores.