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Avaliação: Jeep Compass Blackhawk é a (di)versão que faltava

Por Flávio Silveira

Quem busca um Compass 4×4 não precisa mais conviver com o alto ruído, as reações mais lentas e a desvalorização excessivamente alta do modelo movido a diesel – combustível que, além de tudo, ainda perdeu recentemente parte de sua vantagem financeira. Com a estreia do motor Hurricane 2.0 turbinado, o best-seller dos SUVs médios combina alta performance e capacidade fora de estrada, habilitando-se a brigar, também, com outros SUVs “de verdade” a gasolina ou flex, como Ford Bronco e Discovery Sport. A novidade, também fabricada em Goiana (PE), chega sem aposentar as demais versões. E justo na hora em que, após anos, a liderança do Compass entre os médios foi superada pelo Toyota Corolla Cross (que, renovado, teve um pico de vendas em maio).

Enquanto o Compass 4×4 a diesel sai por R$ 249.990, com o novo motor são duas versões: a Overland, de R$ 266.990, e a mais esportiva avaliada, a Blackhawk, de R$ 279.990. O que mais importa é que, se a opção 1.3 turbo flex (até R$ 236.990) equilibra consumo e performance, atendendo à maioria dos clientes, e a 4×4 a diesel tem os problemas já apontados, além da chatice de precisar de Arla 32, o novo topo de linha é uma compra emocional, que entrega máximo desempenho, além de força e valentia para aventuras de verdade – com direito a bloqueio do 4×4, reduzida e seletor de terreno.

São 272 cv e 400 Nm, contra 170 cv e 350 Nm do motor a diesel, com 0-100 km/h em impressionantes 6,3 segundos.

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Ao volante:
 o motor tem discretíssimo turbo lag, bem menor que da versão 1.3, mas faltou ser flex;
• proporciona acelerações e retomadas sempre imediatas e vigorosas, embora às vezes as trocas do câmbio de nove marchas, em situações muito específicas (e raras), demorem um pouco;
• para máxima performance, é melhor assumir as mudanças manuais pelas aletas ou pela alavanca, que é bem posicionada.

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A cabine do Compass tem acabamento exemplar e muita tecnologia. No alto, o cluster com diversas opções de visualização e extremamente completo. Acima, a tela do sistema multimídia com GPS nativo, as pinças de freio pintadas de vermelho, o seletor de terreno junto à alavanca de câmbio e o carregador de celular por indução com ventilação e o banco do motorista com ajuste elétrico

Quanto ao consumo, naturalmente é mais alto, do que na versão 1.3 (“cavalo que anda é cavalo que bebe”), mas até que foi aceitável: fiz médias de 6,5 km/l na cidade e de 10 de km/l na estrada, nada mau para um carro com tração integral e proposta mais esportiva (nos dados oficiais do PBEV, ele faz 8,3 km/l na cidade e 11 na estrada, contra 8,6 e 10,5 km/l do Bronco Sport, o maior rival).

Como todo SUV, porém – e embora se destaque pela dinâmica acima da média para a categoria –, o Compass é bom de acelerar nas retas, mas, nas curvas, exige prudência.
• No limite, tenta escapar “por inteiro” – mas avisa antes, e logo aparecem interferências incisivas da eletrônica (bem antes do que em um sedã).
• Já em estradas de terra e no off-road, ou mesmo no asfalto esburacado e nas valetas, as suspensões trabalham bem: embora firmes, são silenciosas e robustas e não deixam os pneus perderem contato com o solo (e tração).

No mais, é o Compass de sempre, à espera da nova geração, mas ainda atual, especialmente na cabine. Com teto panorâmico e renovado na reestilização dessa primeira versão nacional, dá uma aula para os rivais, especialmente o da Ford. Esbanja tecnologia, tem acabamento de primeira e cuidado com os detalhes, como a ventilação no carregador sem fio que evita sobreaquecer o celular. Painel e central de infoentretenimento têm telas belíssimas e repletas de funções e informações – mas você não fica refém delas, pois também há botões “de verdade” para controlar tudo.

Por fim, dois pontos negativos.
 Em congestionamentos, com os 271 cavalos levados a rédea curta, a direção semiautônoma funciona excepcionalmente bem, principalmente em estradas e vias mais organizadas e fáceis de “ler”. Faz você se sentir seguro e confiante e avisa bem quando vai parar de atuar (tenta acordar o motorista, liga o alerta e para o carro). Entretanto, em situações urbanas caóticas, comuns em São Paulo, apita demais, freia exageradamente, às vezes sem necessidade (quase que um táxi bate atrás).
• Ah, e o SUV continua com a irritante alavanca de seta que faz você piscar o farol alto sem querer quando vai acioná-la. Arrumem isso, por favor, pois no resto é difícil reclamar do Blackhawk. Com mais diversão ao volante, era a versão que faltava.

Jeep Compass Blackhawk

Preço básico (1.3T)  R$ 179.990
Carro avaliado 279.990

Motor: quatro cilindros em linha 2.0, 16V, comando continuamente variável, injeção direta, turbo, start-stop
Combustível: gasolina
Potência: 272 cv a 5.200 rpm
Torque: 400 Nm a 3.000 rpm
Câmbio: automático sequencial, nove marchas
Direção: elétrica
Suspensão: MacPherson (d) e MacPherson com links transversais (t)
Freios: discos ventilados (d) e discos (t)
Tração: integral sob demanda, com reduzida e bloqueio do diferencial central
Dimensões: 4,404 m (c), 1,819 m (l), 1,640 m (a)
Entre-eixos: 2,636 m
Pneus: 235/45 R19
Porta-malas: 411 litros (líquido: 476 litros) Tanque: 55 litros
Peso: 1.720 kg
0-100 km/h: 6s3
Velocidade máxima: 228 km/h
Consumo cidade: 8,3 km/l (e)
Consumo estrada: 11 km/l (g)
Nota do Inmetro: C*
Classificação na categoria: D* (Fora de Estrada) *estimados

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