O comandante do Exército Brasileiro, general Tomás Paiva, recebe nesta terça-feira (20), o chefe do força terrestre da Argentina, general Carlos Alberto Presti, para uma agenda que inclui discussões sobre a venda de blindados Guarani ao país vizinho e uma nova operação conjunta de exercícios militares.
O encontro entres os chefes militares, com conhecimento dos dois governos, ocorre apesar do distanciamento político ente os presidentes Luiz Inácio Lula das Silva (PT) e o argentino Javier Milei.
Na visita de Presti, mais uma vez será tratada a possibilidade de o Brasil vender para a Argentina os blindados Guarani, que a Iveco fabrica em Minas Gerais.
As negociações se arrastam há anos e esbarram nas dificuldade do país vizinho em dar as garantias de financiamento para a operação.
No início de 2023, logo após Lula chega ao poder, o governo Alberto Fernández assinou uma carta de intenções para impulsionar as negociações entre os exércitos para a compra de 156 veículos blindados de Guarani.
O documento, assinado em visita do chanceler Mauro Vieira a Buenos Aires, prevê também a transferência de tecnologia, a compensação para o aumento progressivo na fabricação de peças na Argentina, o apoio logístico e para o treinamento de tripulações e pessoal técnico do Exército Argentino.
O general Carlos Alberto Presti foi nomeado chefe do Estado Maior General do Exército da Argentina pelo atual presidente Javier Milei, líder ultraliberal e oposição ao seu antecessor Alberto Fernández.
Oficiais-generais brasileiros avaliam que, apesar da mudança política no governo argentino, não há impacto nas relações diplomáticas militares nem é visto como um impeditivo para avançar nas negociações.
Segunda a CNN apurou, o grande entrave para a venda dos Guarani é justamente a capacidade do governo argentino de assegurar o financiamento para a aquisição dos blindados.
Os exércitos do Brasil e Argentina fazem em conjunto a Operação Arandu, exercício com tropas dos dois países para consolidar a cooperação militar.
A última edição dos exercícios ocorreu em 2023 e a próxima ainda se encontra nos estágios preliminares de preparação.
Apesar das críticas entre Milei e Lula, os dos países têm se esforçado para blindar as relações diplomáticas. O Brasil assumiu a segurança da embaixada da Argentina na Venezuela, após a expulsão de diplomatas argentinos pelo regime de Nicolás Maduro.
Milei foi às redes sociais agradecer o governo brasileiro, mas sem mencionar Lula.
“Os laços de amizade que unem a Argentina e o Brasil são muito fortes e históricos”, escreveu Milei no X. Ainda que não cite diretamente o presidente Lula, o comunicado contrasta com o tom adotado por Milei em ocasiões anteriores, quando se referiu ao político brasileiro como “corrupto” e “comunista”.
Contatos como esse, entre os dois comandantes do Exército, são apontados pelos governos do Brasil e da Argentina como um sinal de que as relações bilaterais vão bem e sobrevivem inclusive a atritos entre os chefes de Estado.
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