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Israel concorda com pausa nos combates em Gaza para vacinação contra poliomielite

Israel concordou com uma série pausas nos combates na Faixa de Gaza, para permitir que crianças pequenas sejam vacinadas contra a poliomielite, de acordo com autoridades israelenses da ONU.

Rik Peeperkorn, representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Cisjordânia e Gaza, disse em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (29) que a pausa começaria em 1º de setembro e seria dividida em três fases de três dias e por zonas.

“Temos um compromisso preliminar para pausas humanitárias específicas da área durante a campanha”, pontuou, acrescentando que elas serão implementadas primeiro no “centro de Gaza por três dias, seguido pelo sul e depois pelo norte”.

Uma autoridade israelense confirmou à CNN que a vacinação contra a poliomielite em Gaza começará em 1º de setembro. Cada fase da campanha deve levar cerca de sete horas e, durante esse período, as vacinas poderão entrar na área da “pausa” e ser distribuídas.

A COGAT, a agência israelense responsável por aprovar ajuda para Gaza, não respondeu imediatamente ao pedido da CNN por mais informações sobre como a distribuição será estruturada.

Basem Naim, membro do escritório político do Hamas, afirmou que o grupo acolheu o impulso para uma pausa em Gaza para a campanha de vacinação. “Estamos prontos para cooperar com organizações internacionais para garantir esta campanha”, acrescentou.

Campanha quer vacinar cerca de 640 mil crianças

O objetivo da campanha de imunização é vacinar cerca de 640 mil crianças menores de 10 anos com duas doses cada. De acordo com Peeperkorn, 1,26 milhão de doses de vacinas e 500 carregadores de vacinas já foram entregues a Gaza.

Desde o início da guerra, a cobertura vacinal contra a poliomielite na Faixa de Gaza caiu para pouco mais de 80%. Peeperkorn disse na coletiva de imprensa da ONU que mais de 90% de cobertura é necessária para interromper o surto no território palestino.

Ele alertou que os períodos de três dias “podem não ser suficientes para atingir a vacinação adequada”, acrescentando que “foi acordado que, quando necessário, a campanha será estendida por um dia por zona, ou até mais quando necessário”.

A poliomielite afeta principalmente crianças menores de cinco anos e pode causar paralisia irreversível e até a morte. É altamente infecciosa e não há cura; só pode ser prevenida pela imunização, de acordo com a OMS.

O ressurgimento do vírus — eliminado na maior parte do mundo “desenvolvido” — destaca as lutas enfrentadas pelos dois milhões de moradores de Gaza, que vivem sob bombardeio israelense desde outubro do ano passado.

Muitas pessoas no território não têm acesso a alimentos, suprimentos médicos e água limpa. Além disso, até 90% da população foi deslocada internamente.

Blinken pressionou Netanyahu por pausas, diz autoridade

Uma autoridade dos Estados Unidos pontuou à CNN que o Secretário de Estado Antony Blinken pressionou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em uma reunião na semana passada sobre as vacinas contra a poliomielite.

O diplomata americano ressaltou ao premiê que o assunto tinha que ser uma prioridade máxima e tinha que ser feito. Netanyahu concordou em trabalhar com os EUA nos detalhes, segundo a autoridade.

Lise Grande, Enviada Especial dos EUA para Questões Humanitárias do Oriente Médio, tem liderado esse esforço, trabalhando para finalizar os detalhes entre o governo israelense e a ONU, incluindo o que as pausas gostariam e como as vacinas seriam entregues.

A OMS trabalha no esforço de vacinação com o Ministério da Saúde Palestino, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina e outros parceiros.

Cada organização recebeu uma função no “microplano” técnico e estratégico para executar a campanha de vacinação.

Durante semanas, as organizações enfatizaram que algum tipo de cessar-fogo — o que estão chamando de “pausa da poliomielite” — seria crucial para o sucesso do esforço e até mesmo para conter a disseminação da doença para a região mais ampla.

*Jennifer Hansler, da CNN, contribuiu para a reportagem

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