Após participar da cúpula de chefes de Estado dos Brics na cidade russa de Kazan, o presidente Nicolás Maduro disse que a letra “b” da sigla se refere à “Bolívar”, líder político que esteve à frente de guerras de independência na América do Sul no século 19.
A letra “b” dos Brics se refere, na verdade, ao Brasil, cujos representantes na cúpula foram contrários à adesão da Venezuela no grupo, o que gerou protestos na ala de Maduro.
O presidente do Legislativo venezuelano e principal interlocutor do chavismo com o Brasil, Jorge Rodríguez, disse na última sexta-feira (25) que a oposição brasileira à entrada da Venezuela nos Brics, bloco de países emergentes, é “vergonhosa”, “grosseira” e “ofensiva”.
“É vergonhosa a posição que tiveram, os resquícios do bolsonarismo que encontramos no Palácio do Itamaraty na nossa irmã República do Brasil”, afirmou Rodríguez. “É ofensivo, grosseiro e uma posição submissa ter mantido uma atitude que não condiz nem com o clima, nem com o objetivo, nem com o princípio dessa reunião dos Brics”, complementou.
O governo venezuelano já tinha criticado, por meio de um comunicado publicado pela chancelaria, o que qualificou como um “veto” brasileiro.
O comunicado venezuelano, no entanto, não mencionou o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, que representou pessoalmente o Brasil na cúpula dos Brics na Rússia, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O texto atribuiu a postura brasileira ao Itamaraty e apontou diretamente contra o secretário de Ásia e Pacífico da pasta e principal negociador do Brasil nos Brics, Eduardo Saboia.
O evento, que contou com a presença de 35 países e seis organizações internacionais, foi marcado pela desenvoltura do líder bolivariano.
Durante seu pronunciamento, Maduro declarou: “A Venezuela faz parte desta família dos Brics”, agradecendo ao presidente russo, Vladimir Putin, pelo convite. O líder venezuelano ainda ressaltou que seu país poderia oferecer uma “valorosa contribuição revolucionária” ao bloco.
Putin ressaltou que existe uma regra de consenso para adotar novos associados ao grupo dos Brics. “É impossível sem consenso”, disse o presidente em entrevista coletiva.
(Com informações de Luciana Taddeo)