O Brasil confirmou nesta quarta-feira (24) o primeiro caso de transmissão da varíola dos macacos de humano para animal. Um cachorro de cinco meses teve contato com um paciente diagnosticado com a doença no município de Juiz de Fora, em Minas Gerais. O animal teve início dos sintomas no dia 13, com coceira, apresentando lesões características da doença como feridas e formação de crostas localizadas no dorso e pescoço.
Até o momento, os casos documentados de transmissão da doença do ser humano para animais são raros. Além do Brasil, existem relatos nos Estados Unidos e na França.
Os achados do caso identificado em Paris foram descritos no periódico científico “Lancet”. A análise dos casos pela comunidade científica está em andamento. Conhecer os principais sintomas da infecção em animais e quais cuidados devem ser tomados podem ajudar a prevenir o contágio.
Diante de alguma suspeita, as pessoas devem procurar atendimento médico em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para avaliação. O Ministério da Saúde recomenda que o teste seja feito em todos os pacientes com sinais da doença e que o isolamento deve começar antes mesmo do resultado dos exames.
Pacientes com bom estado de saúde, que não fazem parte da população de risco, como gestantes, crianças e imunossuprimidos, devem realizar tratamento em casa para alívio dos sintomas. O paciente deve permanecer isolado, preferencialmente em ambiente domiciliar.
As lesões na pele devem ser cobertas o máximo possível, com o uso de camisas de mangas compridas e calças, também para minimizar o risco de contato com outras pessoas. As roupas devem ser trocadas se ficarem úmidas e higienizadas de maneira separada.
O médico veterinário Josélio Moura, presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, afirma que os animais infectados têm apresentado sintomas da doença semelhantes aos quadros clínicos em humanos. Os sinais mais comuns são coceira e lesões na pele na forma de bolhas que podem apresentar pus, também chamadas de “pústulas”.
“Há o mesmo tipo de lesões humanas, as pústulas com características sanguinolentas ou purulentas, mas são casos raríssimos. A primeira reação do cão quando tem alguma lesão é lamber ou se coçar, isso tem que ser tratado rapidamente para que ele não coloque o vírus no ambiente”, explica Moura.
O especialista recomenda que, diante de sintomas nos animais, principalmente se a doença tiver sido diagnosticada no tutor, os donos devem buscar atendimento veterinário para avaliação.
“A primeira ação é o isolamento do animal para reduzir os riscos de contaminação de outros animais e pessoas da família, por que não se conhece bem a doença, além de cuidar de forma tópica da lesão, seguindo a recomendação de um veterinário clínico que poderá aconselhar o melhor tratamento a partir da observação das lesões”, afirma.
Como prevenir a transmissão aos animais de estimação
Pacientes diagnosticados com varíola dos macacos devem seguir as recomendações dos profissionais de saúde e adotar medidas sanitárias que incluem o isolamento do animal e de outras pessoas que moram na mesma casa.
“A primeira coisa que se deve fazer com todo cuidado é se aconchegar e não abraçar os animais, evitar passar a mão na lesão e depois nos animais, que é algo comum para dar um carinho ao animal. As pessoas têm primeiro que cuidar das suas lesões e do vírus que pode estar circulando no organismo”, afirma Moura.
De acordo com o veterinário, a prevenção inclui cuidados na rotina de alimentação e de higienização do local, como o uso de luvas e de máscara, blusa de manga comprida e calça para proteção da pele, bem como desinfecção da área com água sanitária.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda outras formas de prevenção ao contágio de animais e de outras pessoas, que incluem:
- Ficar em um cômodo separado
- Usar um banheiro à parte ou, em caso de compartilhamento, que haja limpeza cuidadosa
- Limpar superfícies tocadas com frequência com água e sabão e um desinfetante
- Evitar varrer ou aspirar o local
- Usar utensílios, toalhas, roupas de cama e eletrônicos separados
- Lavar sua própria roupa à parte
- Abrir janelas para uma boa ventilação
- Fazer higienização das mãos regularmente com água e sabão ou álcool em gel
A OMS orienta que se não for possível evitar permanecer no mesmo ambiente que outras pessoas e animais, deve-se buscar fazer o possível para limitar o risco, como evitar o contato físico, lavar as mãos com frequência, cobrir as lesões na pele com roupas ou bandagens, abrir todas as janelas da casa, usar máscaras bem ajustadas e manter pelo menos um metro de distância.
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