Um estudo da Universidade de Guelph, publicado na revista Plos One, descobriu que cerca de 35% dos donos de cachorros e gatos consideram alimentar seus pets com comidas à base de vegetais. A intenção, no entanto, precisa ser avaliada com precaução, alerta Fabio Alves Teixeira, pesquisador da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
Segundo ele, no caso dos cães, é possível seguir com a alimentação vegana, mas para os gatos isso é muito difícil.
Alves Teixeira explica que nem sempre os felinos conseguirão metabolizar os nutrientes necessários. E nem sempre a proteína será o grande problema nas dietas sem carne.
Exemplo disso é “a vitamina B12, que está muito presente em produtos de origem animal. Ou a vitamina A também, [está presente] nas carnes, no leite e no fígado”, disse.
A dieta à base de hortaliças, como a cenoura, por exemplo, tende a ser um bom negócio para os cães para repor a vitamina A, avalia Teixeira.
A cenoura não contém vitamina A propriamente dita, mas sim um betacaroteno — componente que vai ser transformado dentro do corpo dos cães. Contudo, nos gatos, não funciona dessa forma.
“É como se ele [gato] tivesse uma deficiência desse nutriente. Já o cão consegue fazer isso. Esse é um exemplo de que, às vezes, a gente até consegue colocar o nutriente ali, mas ele pode não estar disponível, pode não estar ativo”, afirma.
Outro exemplo de uma dieta que não funcionaria bem para os gatos é a alimentação com gorduras de origem vegetal.
Teixeira explica que os cães conseguem metabolizar a gordura de origem vegetal e transformar em ácido araquidônico (ajuda no crescimento muscular), já o gato não consegue.
As consequências de não repor esses nutrientes podem significar dados à saúde do animal, por exemplo.
“Na rotina, a gente tem encontrado muitos pets com problemas nutricionais graves, às vezes com fraturas, convulsões, em que eles precisam de um acompanhamento muito próximo”, disse o pesquisador..
O estudo avaliou 3.670 donos de pets por todo o mundo. Os participantes responderam um questionário sobre hábitos alimentares, veganismo e preocupações sobre o que os cães e gatos estavam comendo.
Os donos de animais veganos eram 6% do total de entrevistados e cerca de 27% deles afirmaram que a dieta vegana para os bichos já é uma realidade.
O que pode ser feito
Teixeira explica que para aqueles que desejam manter a dieta vegana ou vegetariana em seus animais, há alternativas que que se baseiam no acompanhamento com profissional e alguns cuidados específicos.
Uma opção é acrescentar nutrientes de maneira sintética, com o auxílio de bactérias. Outra alternativa é a suplementação orientada.
O pesquisador diz que mesmo os animais que não seguem alimentações restritas precisam suplementar alguns nutrientes — no entanto, em quantidade menor do que aqueles que os donos optaram por uma dieta vegana ou vegetariana.
As alimentações caseiras, sem acompanhamento, tendem a significar um “risco nutricional.
Segundo ele, “as entidades da medicina veterinária recomendam que os animais sejam acompanhados por um profissional com muita experiência em formulação de alimentos para cães e gatos para garantir que eles não tenham problemas [de saúde]”.
*Com informações de Jornal da USP
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