O último trimestre do ano costuma ser um período intenso para a economia nacional. Às vésperas das festividades de fim de ano, como Natal e Réveillon, o período aquece o comércio e força muitas empresas, sejam elas micro, pequenas ou grandes companhias, a apertarem o passo para conquistar um volume crescente de vendas em uma temporada aquecida.
O período, porém, também vem acompanhado de dúvidas. Afinal, além dos planejamentos de curto prazo envolvendo estoque, logística e estratégias de marketing para alavancar vendas na alta temporada, este é o momento em que é preciso ter conhecimento se essas estratégias todas, somadas, serão capazes de ajudar a empresa a encerrar o ano com as finanças equilibradas.
Como evitar que o ânimo com o salto repentino nas receitas não influencie na elaboração do orçamento dos meses seguintes? Que medidas devem ser replicadas ao planejamento estratégico do ano seguinte, no caso de empresas que lucraram em 2024? E, no caso de empresas em déficit, que ações podem ser tomadas, ainda no terceiro trimestre, para evitar fechar o ano no vermelho?
De acordo com Daiane Alves, educadora financeira da fintech Neon, é bastante comum que pequenas empresas e microempreendedores cometam erros financeiros durante o período de fim de ano, em virtude do otimismo trazido pelas datas comemorativas. Entre os erros mais recorrentes, ela afirma, estão o descontrole de gastos, a falta de planejamento de estoque e a má gestão do fluxo de caixa.
Para evitar esses erros e garantir que o período de alta demanda seja benéfico ao negócio (ao invés de prejudicial), é essencial que os microempreendedores e pequenas empresas se apoiem no histórico de vendas, além de acompanhar de perto os indicadores financeiros do negócio.
Veja dicas de especialistas sobre o tema:
Separe os gastos pessoais dos gastos corporativos
Ao mesmo tempo em que o descontrole de gastos e má gestão do fluxo de caixa se tornam mais possíveis, o período também acende um alerta para um erro clássico entre os empreendedores: o conflito entre finanças pessoais e da empresa.
“Em clima festivo, o empreendedor pode acabar utilizando recursos do negócio para gastos pessoais com presentes ou festas”, pontua Daiane.
Fluxo de caixa deve ser prioridade
No fim de ano, a alta demanda impulsionada pelas compras para datas comemorativas pode complicar a gestão do fluxo de caixa, já que, apesar do aumento nas entradas financeiras em virtude do crescimento nas vendas, há também um aumento proporcional nos custos — vide a necessidade de maior investimento em estoque, logística, infraestrutura digital e até mesmo contratações temporárias.
Por essa razão, o monitoramento do fluxo de caixa se faz essencial para evitar descontroles. “Sempre reforço que nada deve atrapalhar essa missão, mesmo em alta temporada, eventos, feriados, o fluxo de caixa deve ser elaborado e acompanhado no detalhe”, afirma Fabio Comitre, CEO da Efforts, empresa especializada em serviços contábeis.
“Se essas despesas não forem monitoradas e controladas de forma rigorosa, podem corroer a margem de lucro e comprometer a saúde financeira do negócio para o início do próximo ano”, complementa Daiane.
Deixe o não prioritário para depois
De acordo com Comitre, da Efforts, a recomendação é a de priorizar gastos essenciais. “Trave gastos que possam ser feitos no próximo ano, como por exemplo, alguma manutenção, gastos com marketing, e outros que possam ser repensados para o próximo período”.
Ao invés disso, recomenda, priorize a quitação de dívidas correntes e o pagamento de impostos que podem comprometer o funcionamento da empresa no ano seguinte, como ICMS, ISS e Simples Nacional, tributos comuns às empresas de diferentes portes.
Elimine gastos extras
Este é o momento para eliminar despesas desnecessárias. Na prática, isso é possível com uma análise cuidadosa de gastos que podem ser deixados de lado após uma revisão. Tarifas bancárias e anuidade de cartões de crédito são alguns exemplos.
Tenha sempre um bom contador
Para os especialistas, é essencial contar com o apoio de um contador para garantir que as obrigações fiscais da PME estejam em dia, especialmente no último trimestre do ano, quando o fluxo de vendas pode aumentar significativamente.
“Ter um planejamento financeiro e um bom contador são as principais prioridades que vão dar segurança para qualquer empresa e mesmo com as altas demandas do dia a dia devem ser considerados com prioridade”, diz Comitre.
(Texto de Maria Clara Dias)
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